Notícia

Lições e bônus das medidas de Trump contra o Brasil

Jorge Jatobá (Artigo publicado no JC)
27 de Agosto de 2025

27 - Ago

Os custos da imposição de tarifas pelo Governo Trump já estão sendo dimensionados pelos agentes econômicos e pelas autoridades brasileiras. Eles serão significativos comprometendo a geração de renda, emprego e impostos em todas as regiões do país. Neste artigo, todavia, vou destacar aspectos que, no contexto dessa perturbação econômica e política, devem ser melhor analisados.

O fato de a economia brasileira ser relativamente fechada tem vantagens e desafios. Por não ser uma economia muito aberta, está menos exposta às crises do comércio internacional, inclusive às guerras tarifárias. Os desafios se colocam agora em como abrir mais e diversificar nosso comércio internacional, evitando excessiva dependência de eventuais parceiros, sobretudo daqueles que estão no centro dos conflitos geopolíticos. O Brasil industrializou-se via substituição de importações protegido por barreiras tarifárias e não-tarifarias. Esses instrumentos foram importantes para o objetivo de industrializar o país, mas o conduziu , pela proteção, às vezes, excessiva, a perdas de eficiência e competitividade. Os tempos mudaram, observando-se agora um processo de desindustrialização e a emergência de uma nova política industrial , a Nova Indústria Brasil, que não pode cometer os mesmos erros do passado. Abrir a economia agora significa buscar novos parceiros entre os quais a União Europeia, e consolidar os acordos comerciais já existentes como, o do Mercosul, além de buscar novas parcerias bilaterais mundo afora, no contexto de uma economia mais aberta, inovadora, eficiente e competitiva. Este é um caminho a seguir.

Por outro lado, há aspectos macroeconômicos a ressaltar sobre os rebatimentos internos da política econômica do Governo Trump. O primeiro é que um dólar mais fraco ajuda no combate à inflação. O real foi uma das moedas que mais se valorizaram com relação ao dólar nas últimas semanas. Embora retire rentabilidade das exportações porque, para cada dólar de exportações, obtenha-se menos reais, essa desvalorização reduz os custos de bens e serviços importados, mitigando a inflação. Há um segundo impacto deflacionário, a depender da efetividade das medidas propostas pelo Governo Lula para proteger os setores exportadores. O redirecionamento da produção de alimentos e insumos do mercado externo para o interno pode reduzir os preços das comodities ao aumentar a sua oferta doméstica.

Do ponto de vista político há uma enorme lição a aprender. Não colocar a ideologia e os objetivos de grupos familiares e partidários acima dos interesses do país. A sobrevivência política de pessoas e partidos não pode comprometer a soberania institucional, econômica e política do Brasil. O que se observa é um ataque sistemático contra a economia e o funcionamento do sistema judiciário do país em decorrência de iniciativas e provocações da família Bolsonaro nos bastidores da Casa Banca e que contam com o apoio, eventualmente violento, de partidos como o PL cujo liberalismo na economia e nos costumes não é aparente, e que não tem escrúpulo de desfraldar a bandeira símbolo do MAGA de Trump em pleno Congresso Nacional em apoio às suas iniciativas, muitas delas em perversa oposição aos interesses de empresários e trabalhadores brasileiros.

Esses impactos, econômicos e políticos, precisam ser identificados e destacados até porque vão se estender ao ano eleitoral de 2026, com o possível agravamento da polarização política que tantos males tem trazido ao país ao criar uma armadilha que reduz e enrijece nossas possibilidades de escolha.

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